Pensamento-cinema 4

Pensamento-cinema 4 – 2015.1 é o quarto ciclo de um curso de extensão em filosofia da UFT. Conta com o apoio do CineSesc-TO. Ver programação.


==========
Registre sua presença no seguinte formulário:

REGISTRO DE PRESENÇA

Em seguida, solicite seu certificado de participação no seguinte e-mail:
pensamentocinema@gmail.com

=========Descrição do curso==============

O curso é gratuito e está aberto a todos os interessados.
A presença nos seis encontros conta 24h.
Mas certificados de participação parcial (4, 8, 12, 16 ou 20h) podem ser emitidos.

Neste ciclo, o pensamento se volta para a essência do cinema.

O que é o cinema?


Esta reflexão encontra temas já tradicionais da filosofia, como o trágico, a duração e o tempo, as exigências das estruturas sobre os sujeitos-autores, a psicanálise, a representação, o realismo e o expressionismo, o ser e a aparência, assim como elementos tradicionais do cinema, sua história, sua tecnologia, seus diretores, seus atores, seus gêneros, suas narrativas, mas o que está em jogo, o que finalmente se destaca, são os elementos específicos que constituem a essência da arte cinematográfica: os avanços técnicos que permitem ao cinema alcançar o seu destino, isto é, dar ao espectador uma ilusão tão perfeita quanto possível da realidade, mantendo, ao mesmo tempo, seu caráter estético.

Ministrado pelos professores Gustavo Henrique Ferreira (Teatro UFT) e Leon Farhi Neto (Filosofia UFT), o curso é baseado no livro recentemente publicado pela Cosac Naify, com uma coletânea de ensaios e artigos do crítico francês André Bazin (1918-1958).

São seis encontros, seis temas e seis filmes. Os temas e os filmes debatidos são destacados do livro de Bazin.

LOCAL: CineSESC-TO, 503N, Palmas.

O curso é gratuito e está aberto a todos os interessados.
A presença nos seis encontros conta 24h.
Certificados de participação modulares serão emitidos a pedido.

Conteúdo programático


1) Destino do cinema (história e técnica)

Conteúdo teórico 1º encontro

A arte do cinema é inseparável da sua técnica. A história do cinema está imbricada com a técnica cinematográfica, mas o avanço dessa técnica responde à essência do cinema de acordo com seu destino, que, segundo Bazin, é “dar ao espectador uma ilusão tão perfeita quanto possível da realidade”. O cinema, nesse sentido, é um testemunho idealista. A técnica realiza materialmente ou existencialmente o que o cinema já envolve na ideia ou na essência.

FILMES_DEBATE:
Cidadão Kane, Orson Wells, 1941.
Lírio Partido, de D. W. Griffth, 1919.

2) Cinema-documento (erotismo e morte no cinema)

Conteúdo teórico 2º encontro

As tensões entre documento do real e ficção imaginária, devido à vocação do cinema para a realidade, são elevadas a um grau de polêmica insolúvel. Tudo no cinema é documento e ficção, simultaneamente. A estetização (ficcional) da realidade e da política são continuamente contrapostas à politização e à realização dos conteúdos estéticos ficcionais.

Para Bazin, o cinema encontra um limite (o aceite de um limite para o cinema é algo raro em um crítico que investe na destruição de todas as barreiras que, desde fora, queiram se impor ao cinema) na filmagem do erotismo e da morte. “O cinema pode dizer tudo, mas não de forma alguma tudo mostrar”. Na cena pornográfica (na qual os atores são tomados pelo desejo real) ocorre algo semelhante à filmagem do real assassinato dos corpos vivos. Há aí uma obscenidade que extrapola o domínio do imaginário que é o elemento irredutível do cinema-arte (que é, na sua contradição estética, a ilusão máxima da realidade, no elemento mesmo da ficção, isto é, sem deixar de ser arte).

FILMES_DEBATE:
A Batalha de Stalingrado, de Vladimir Petrov, 1949.
Tchapaiev, de S. e G. Vassiliev, 1934.
E Deus criou a mulher, de Roger Vadim, 1956.

3) Cinema e ontologia (neorrealismo e fenomenologia)

Conteúdo teórico 3º encontro

A base material do cinema, a relação real (e, até então, incontornável) entre o objeto filmado e o processo químico na película que permite revelá-lo, para Bazin, constitui o fundamento ontológico do destino do cinema: o realismo.

A realização máxima deste destino se encontra, segundo o crítico francês, num determinado gênero da arte cinematográfica: o neorrealismo italiano. Aí, o ser alcança a sua presença real na aparência.

A técnica fotográfica não é uma imagem ou representação do ser e sim seu vestígio: “uma verdadeira captura da impressão luminosa”. Mais do que semelhanças, “a fotografia traz consigo uma espécie de identidade” com o seu objeto. Para além da fotografia, o cinema captura em si as marcas da duração do objeto.

FILMES_DEBATE:
Paisà, de Roberto Rosselini, 1946.

4) Pintura e cinema (duração e tempo)

Conteúdo teórico 4º encontro

A essência do cinema se mostra também na sua comparação com a essência de outras artes. Assim, conhecemos o cinema na sua oposição com a pintura.

Um elemento dessa oposição se encontra, na pintura, no dispositivo da moldura, e, no cinema, no dispositivo da tela. A moldura do quadro estabelece o limite, sempre visível, entre o âmbito da pintura e a realidade que lhe é justaposta por todos os lados. A tela do cinema, por outro lado, é um dispositivo que funciona como uma máscara, ela seleciona, recorta e separa um elemento da realidade envolto pelo escuro.

Mas a oposição cinema-pintura é problematizada no momento em que, de alguma maneira, essas duas artes tendem à fusão: no cinema da pintura. Os filmes sobre a pintura podem assumir diversas formas. Entre elas, Bazin se interessa especialmente pelo filme que mostra o processo de produção da pintura, mediante o qual a pintura se faz filme, deixando de ser propriamente pintura (recorte instantâneo de um fluxo pictórico), porque encontra um elemento essencial do cinema: a duração.

FILMES_DEBATE:
O mistério de Picasso, de Henri-Georges Clouzot, 1956.
Van Gogh, 1948, de Resnais.

5) Teatro e cinema (realismo e expressionismo)

Conteúdo teórico 5º encontro

A oposição à arte cênica permite revelar diversos traços essenciais da arte cinematográfica. Em oposição às cenas em teatro, a possibilidade de filmar a paisagem, as cenas de rua, para além das cenas em estúdio, significam um acréscimo de realidade.

No teatro, a relação do ator com o espectador está marcada, no primeiro, pela presença e representação, e, no segundo, pela consciência e oposição à presença concorrente do ator. No cinema, pelo contrário, a relação ator-espectador é determinada pela participação e identificação do espectador com o ator. Trata-se de uma presença imaginada, uma presença sonhada, que se reúne à realidade.

O ideal realista do cinema se opõe ao expressionismo, em que o ator se esforça em expressar, na camada mais externa, nos seus gestos e fisionomias, um fundo psicológico considerado mais real. No realismo, o ator não expressa nada, não há fundo, a superfície da imagem, da aparência, é a revelação mesma da verdade. Na contraposição ao expressionismo, o cinema realista alcança a verdade da fenomenologia.

FILMES_DEBATE:
O pecado original, de Jean Cocteau, 1948.
Festim diabólico, de A. Hitchcock, 1948.
Janela indiscreta, de A. Hitchcock, 1954.

6) O Western (autonomia do gênero e autoria)

Na análise dos gêneros de arte cinematográfica, Bazin mostra elementos decisivos de sua crítica e do seu estilo de pensamento: a luta contra os preconceitos que limitem o cinema (nenhum gênero pode ser desclassificado a priori); a determinação estrutural da autoria (a dialética entre as condições determinantes da produção cinematográfica e a habilidade artística do sujeito).

A estrutura fixa do Western traça o perfil de inúmeros filmes do gênero, mas isso não impede o acontecimento da arte dos diretores. Da mesma forma que a censura, segundo Bazin, não funciona apenas como limite ou negação da arte, mas fornece uma condição material para o exercício da criação artística.

FILMES_DEBATE:
No tempo das Diligências, John Ford, 1939.


Conteúdos Teóricos

1º encontro
2º encontro
3º encontro
4º encontro
5º encontro